O Transtorno Bipolar do Humor, antigamente denominado de psicose maníaco-depressiva, é caracterizado por oscilações ou mudanças cíclicas de humor. Estas mudanças vão desde oscilações normais, como nos estados de alegria e tristeza, até mudanças patológicas acentuadas e diferentes do normal, como episódios de MANIA, HIPOMANIA, DEPRESSÃO e MISTOS. É uma doença de grande impacto na vida do paciente, de sua família e sociedade, causando prejuízos freqüentemente irreparáveis em vários setores da vida do indivíduo, como nas finanças, saúde, reputação, além do sofrimento psicológico. É relativamente comum, acometendo aproximadamente 8 a cada 100 indivíduos, manifestando-se igualmente em mulheres e homens.
A base da causa para a doença bipolar do humor não é inteiramente conhecida, assim como não o é para os demais distúrbios do humor. Sabe-se que os fatores biológicos (relativos a neurotransmissores cerebrais), genéticos, sociais e psicológicos somam-se no desencadeamento da doença. Em geral, os fatores genéticos e biológicos podem determinar como o indivíduo reage aos estressores psicológicos e sociais, mantendo a normalidade ou desencadeando doença. O transtorno bipolar do humor tem uma importante característica genética, de modo que a tendência familiar à doença pode ser observada.
SINTOMAS
Podem iniciar na infância, geralmente com sintomas como irritabilidade intensa, impulsividade e aparentes “tempestades afetivas”. Um terço dos indivíduos manifestará a doença na adolescência e quase dois terços, até os 19 anos de idade, com muitos casos de mulheres podendo ter início entre os 45 e 50 anos. Raramente começa acima dos 50 anos, e quando isso acontece, é importante investigar outras causas.
A MANIA (eufórica) é caracterizada por:
- Humor excessivamente animado, exaltado, eufórico, alegria exagerada e duradoura
- Extrema irritabilidade, impaciência ou “pavio muito curto”
- Agitação, inquietação física e mental
- Aumento de energia, da atividade, começando muitas coisas ao mesmo tempo sem conseguir terminá-las
- Otimismo e confiança exageradas
- Pouca capacidade de julgamento, incapacidade de discernir
- Crenças irreais sobre as próprias capacidades ou poderes, acreditando possuir muitos dons ou poderes especiais
- Idéias grandiosas
- Pensamentos acelerados, fala muito rápida, pulando de uma idéia para outra,tagarelice
- Facilidade em se distrair, incapacidade de se concentrar
- Comportamento inadequado, provocador, intrometido, agressivo ou de risco
- Gastos excessivos
- Desinibição, aumento do contato social, expansividade
A DEPRESSÃO, que pode ser de intensidade leve, moderada ou grave, é caracterizada por:
- Humor melancólico, depressivo
- Perda de interesse ou prazer em atividades habitualmente interessantes
- Sentimentos de tristeza, vazio, ou aparência chorosa/melancólica
- Inquietação ou irritabilidade
- Perda ou aumento de apetite/peso, mesmo sem estar de dieta
- Excesso de sono ou incapacidade de dormir
- Sentir-se ou estar agitado demais ou excessivamente devagar (lentidão)
- Fadiga ou perda de energia
- Sentimentos de falta de esperança, culpa excessiva ou pessimismo
- Dificuldade de concentração, de se lembrar das coisas ou de tomar decisões
- Pensamentos de morte ou suicídio, planejamento ou tentativas de suicídio
O ESTADO MISTO é caracterizado por:
- Sintomas depressivos e maníacos acentuados acontecendo simultaneamente
- A pessoa pode sentir-se deprimida pela manhã e progressivamente eufórica com o passar do dia, ou vice-versa
- Pode ainda apresentar-se agitada, acelerada e ao mesmo tempo queixar-se de angústia, desesperança e idéias de suicídio
- Os sintomas freqüentemente incluem agitação, insônia e alterações do apetite. Nos casos mais graves, podem haver sintomas psicóticos (alucinações e delírios) e pensamentos suicidas
OBS: os sintomas devem estar presentes a maior parte dos dias por, no mínimo, uma semana.
TRATAMENTO
O tratamento, após o diagnóstico preciso, é medicamentoso, envolvendo uma classe de medicações chamada de estabilizadores do humor, da qual o carbonato de lítio é o mais estudado e o mais usado. A carbamazepina, a oxcarbazepina e o ácido valpróico também se mostram eficazes. Um acompanhamento psiquiátrico deve ser mantido por um longo período, sendo que algumas formas de psicoterapia podem colaborar para o tratamento.
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