Obesidade e seus Riscos
Publicado por: Fabio Tuche em 11/1/2013
Categoria: Cardiologia
Conteúdo Saúde: O que define Obesidade?
Fabio Tuche: Por definição, a obesidade é o acúmulo de gordura no corpo secundário a um desequilíbrio do balanço energético corporal. Atualmente existem diferentes métodos de avaliação do paciente obeso. Um parâmetro simples e prático é o índice de massa corpórea (IMC) o qual leva em conta a altura e o peso do indivíduo. A tabela abaixo demonstra a classificação adaptada pela Organização Mundial da Saúde que baseia-se em padrões internacionais desenvolvidos para pessoas adultas descendentes de europeus.
A medida da circunferência abdominal, com uma fita métrica é outro método prático de avaliação da obesidade e reflete o conteúdo de gordura visceral (gordura acumulada na barriga) e também se associa muito à gordura corporal total. A OMS estabelece como ponto de corte para risco cardiovascular aumentado, medida de circunferência abdominal igual ou superior a 94 cm em homens e 80 cm em mulheres caucasianos. A associação da medida da circunferência abdominal com o IMC pode oferecer uma forma combina¬da de avaliação de risco e ajudar a diminuir as limitações de cada uma das avaliações isoladas. Existem, na atualidade, diversas outras formas de avaliar a massa gordurosa corporal e sua distribuição, tais como: Relação circunferência abdominal/quadril (RCQ) (medida mais comumente usada para obe¬sidade central, porém, em 1990, reconheceu-se que pode ser menos válida como uma medida relativa, após perda de peso); Medição da espessura das pregas cutâneas (utilizada como indicador de obesidade, pois há relação entre a gordura localizada nos depósitos debaixo da pele e a gordura interna), Bioimpedância (aparelho portátil disponível para avaliação clínica que tem sido considerada suficientemente válida e segura); Ultrassonografia (técnica que tem sido cada vez mais utilizada e apresenta excelente correlação com a medida de pregas cutâneas. Permite, além da avaliação da espessura do tecido adiposo, também tecidos mais profundos nas diferentes regiões corporais. Considera-se bom método para quantificar o tecido adi-poso intra-abdominal); Tomografia computadorizada (método de imagem considerado preciso e confiável para quantificar o tecido adiposo subcutâneo e, em especial, o intra-abdominal) e Ressonância magnética (método não invasivo e que não expõe o paciente à radiação; pode ser utilizado para diagnóstico e acompanhamento da gordura visceral em indivíduos com alto risco e que estejam em tratamento para perder peso. Seu alto custo, no entanto, não lhe permite ser utilizado rotineiramente).
Conteúdo Saúde: O que causa a Obesidade?
Fabio Tuche: De forma reducionista uma pessoa engorda quando consome mais calorias do que gasta. O paradigma da vida moderna (pouca atividade física e alta ingesta de alimentos ricos em calorias) é um forte determinante da atual epidemia de obesidade que ocorre mundialmente e também no Brasil. Dados recentes do Ministério da Saúde indicam que o índice de sobrepeso e obesidade da população brasileira avançou de 2006 a 2009, uma vez que a proporção de pessoas com excesso de peso subiu de 42,7% para 46,6% e o percentual de adultos obesos no Brasil cresceu de 11,4% para 13,9% no mesmo período. A etiologia (causa) da obesidade na realidade é complexa envolvendo a interação de fatores genéticos a epigenéticos. Uma pessoa que não teve pais obesos tem um risco de 9% de ser obesa enquanto que quando um dos pais biológicos é obeso, eleva-se a 50%, podendo atingindo 80% quando ambos os pais são obesos. Algumas doenças genéticas podem ser a causa da obesidade. Alguns medicamentos também podem ter efeito adverso no peso corporal, aumentando a ingesta alimentar e/ou diminuindo o gasto calórico/energético, por ex.: benzodiazepínicos (diazepam, alprazolam e flurazepam), corticosteróides, antipsicóticos (clorpromazina, olanzapina e clozapina), antidepressivos tricíclicos (amitriptilina, imipramina, paroxetina e mirtazapina), antiepiléticos (valproato de sódio), sulfonilureias (glipizida, tolbutamida e clorpropamida) e a insulina. A obesidade pode ainda estar associada a doenças endocrinológicas (hipotireoidismo) ou ainda a transtornos alimentares (compulsão alimentar). Sendo assim é necessária uma avaliação médica ampla do paciente obeso, visando indentificar os fatores que mais contribuem para a obesidade individualmente.
Conteúdo Saúde: Qual o Risco da Obesidade?
Fabio Tuche: Do ponto de vista médico, a obesidade representa um importante fator de risco para diferentes doenças, tais como: diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica, câncer (mama, útero, cérvice, cólon, esôfago, pâncreas, rins e próstata), doença coronariana, catarata, dislipidemia, gota, apnéia do sono, litíase biliar (cálculos na vesícula) alterações na pele, alterações ginecológicas, hipertensão intracraniana idiopática, hepatopatias gordurosas não-alcoólicas (esteatose, esteatohepatite e cirrose), pancreatite severa, osteoartrite e flebite. Sendo assim, o combate à obesidade não se justifica apenas por questões de estética. Visa também, a prevenção e controle dessas diferentes e graves doenças.
Conteúdo Saúde: Quais os tratamentos da Obesidade?
Fabio Tuche: O tratamento da obesidade pode ser dividido em 3 modalidades: 1- tratamento clínico não farmacológico; 2- tratamento clínico farmacológico e 3- tratamento cirúrgico. A primeira modalidade que inclui medidas de reeducação alimentar e prática de exercícios físicos, está indicada para todos os pacientes obesos. Para aqueles pacientes que não conseguem obter uma perda de peso satisfatória apenas com essa primeira modalidade de tratamento, ou ainda para aqueles com IMC de 30 kg/m2 ou 25 kg/m2 na presença de outras doenças (hipertensão, diabeles, etc.), está indicada a prescrição de medicamentos. Atualmente são cinco as medicações liberadas no Brasil para o tratamento da obesidade: dietilpropiona (anfepramona), femproporex, mazindol, sibutramina e orlistate. Todas essas medicações já foram testadas em estudos clínicos sérios e obtiveram algum grau de evidência científica demonstrando eficácia e segurança no tratamento de pacientes adultos obesos. Por outro lado, a prática criminosa, infelizmente ainda muito comum, da prescrição de fórmulas contendo diferentes substâncias, tais como diuréticos, anfetaminas, sedativos, hormônios tireoidianos e antidepresssivos, representa um grave risco ao paciente obeso. Há casos já documentados de pacientes que desenvolveram doenças sérias com o uso dessas fórmulas incluindo casos de morte. A procura de centros médicos sérios e de profissionais honestos para avaliação e tratamento da obesidade é o primeiro passo que deve ser tomado pelo paciente obeso que realmente deseja obter resultados clínicos eficazes de longo prazo e com segurança. A cirurgia bariátrica está indicada para aqueles pacientes mais graves, incluindo pacientes adultos com IMC ≥ 40 kg/m² sem outras doenças ou adultos com IMC ≥ 35 kg/m² com uma ou mais comorbidades associadas, e ainda, resistência aos tratamentos conservadores realizados regularmente há pelo menos dois anos (dieto¬terapia, psicoterapia, tratamento farmacológico e atividade física), motivação, aceitação e conhecimento sobre os riscos da cirurgia e ausência de contraindicações.
Fabio Tuche CRM nº5269198-4


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